Acredito que a vida de todo indivíduo é guiada pelo amor, independentemente
deste estar ou não apaixonado por alguém.
A força motriz de toda a nossa existência reside nesse sentimento, capaz
de nos guiar nesse tortuoso caminho mundano.
Restringindo, agora, o amor sob o conceito romântico,
mantenho a posição de considerá-lo essencial; cativa-nos essa sinergia, essa
sensação de querer fazer mais e melhor para a pessoa amada. Vez ou outra, esse
mesmo amor nos deixa embriagados, por assim dizer; turva nossas vistas,
confunde nossos pensamentos. A efervescência do coração pujante, as alterações
hormonais do corpo, tudo isso contribui para, como um todo, modificar-nos.
Contudo, se faz necessária, para o melhor gozo e proveito
desse sentimento tão nobre e tão devastador, a tal da reciprocidade. Amar e ser
amado. Se por um lado, amar é algo quase divino, por outro, não ser
correspondido é tão doloroso quanto cravar uma estaca no peito. Alias,
metaforicamente falando, a rejeição ou indiferença do ser amado pode ser
comparada à estaca fincada sobre o peito. É trágico, mas assim o é!
A lacuna aberta pelo coração não igualmente amado é
preenchida por diversos enxertos. Alguns optam pelas drogas - lícitas ou não -,
outros, pelo ombro amigo, um novo – e outro - amor, ou - uma opção além da
linha da melancolia - a prática da autopiedade.
Esconder-se pelos cantos, aspirar atenção numa
autoflagelação, ensejar afeto e carinho dos mais próximos, ou simplesmente
mostrar para aquele alguém que você está se acabando de dor. Sim, caros – e hipotéticos – leitores, o drama
é inerente ao amor. A megalomania do preterido é feroz, curiosamente, consigo
mesmo.
Cabe, portanto, ao amante, saber administrar todo esse
furor. Pedir para que ele haja racionalmente, nessas circunstâncias, é um tanto
quanto ingênuo. Coisas do coração não são racionalizadas, não com tanta
facilidade... .