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Ser ou não ser, eis a questão

Posted by João on 16:37 in , ,

Já dizia Raul Seixas, o “Maluco Beleza”: “eu não sou louco, é o mundo que não entende a minha lucidez”. O pensamento do roqueiro baiano esbarra na incompreensão daquilo que a população julga anormalidade. A loucura, conhecida como transtorno psicológico, também pode ser um movimento ideológico, resultado de uma mente contracultura que não aceita os parâmetros impostos pela sociedade.
Aristóteles, há quatro séculos antes de Cristo dizia que “nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura”, isso na Grécia antiga, muito distante do mundo multipolar e globalizado. Loucura pode ser um sintoma de genialidade, de criatividade e de grande capacidade de raciocínio, mais pra dom que anomalia.
Chamados de loucos em 1969, os participantes de Woodstock hoje são venerados como deuses da contracultura. Um dos maiores festivais de música de todos os tempos, senão o maior foi, na época, taxado de ato de extrema delinqüência e rebeldia. Nesse caso, a loucura ideológica é considerada brilhante, genial, diante de um evento que abrangia aos aspectos político-sociais, musicais de comportamento, num contexto único, a vigência da Guerra Fria.
Cometer algo anormal é marginalizado e duramente criticado pela sociedade independentemente do seu contexto, quando a realidade é tratada como um mero fato isolado. Isso enquanto as “anormalidades reais” são tratadas na mais pura banalidade, de modo trivial, como a corrupção política, a violência urbana e as desigualdades sociais.
O certo é que os chamados gênios de hoje, foram os loucos de ontem. A anormalidade não se restringe á complicações e problemas psíquicos, vai além das regras e imposições da civilização. Repudiar essa diversidade e ignorar seus benefícios diante do monótono modelo da sociedade pós-moderna é, sem dúvida, uma loucura.

Balada Do Louco
Os Mutantes

“Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz”


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